terça-feira, 8 de março de 2011

Mancha da violência contra mulher persiste

Mancha da violência contra mulher persiste (Foto: )Arte: Eder Souza

Elas são maduras: têm entre 30 e 60 anos. Não possuem alto grau de escolaridade: a maioria sequer concluiu o ensino médio. Além disso, estão atadas a uma incômoda dependência financeira dos parceiros. É este o perfil das vítimas que - desde setembro de 2006, quando entrou em vigor a Lei 11.340, a chamada Lei Maria da Penha - incrementam as estatísticas da violência contra a mulher no Pará.

Dois crimes se destacam no rol das ocorrências, cujos registros têm se multiplicado ostensivamente desde que se tornou mais rigorosa a punição dos agressores: a lesão corporal e a ameaça psicológica. Na Delegacia da Mulher em Belém, é rotineira a presença de vítimas com as chagas da intolerância masculina à flor da pele ou as marcas silenciosas das sequelas derivadas de tortura, pressão e covardia.

Em média, no ano passado, a Delegacia registrou 573 casos por mês de violência contra mulheres. Em todo aquele ano, foram 6.875 ocorrências. A maior média de registros, porém, não acontece nos três primeiros meses. Tanto é que, em 2011, a brutalidade masculina já produziu 1.084 casos de violência, o que dá a média de 361 por mês. Ainda assim, houve um aumento nas ocorrências, comparando-se com os resultados do mesmo período de 2010. A notificação de crimes de lesão corporal subiu 17%; as ocorrências de ameaças deram um salto de 10%.

“Com a Lei Maria de Penha, os direitos das mulheres passaram a ser mais divulgados e a população passou a ter mais conhecimento, assim como passou a acreditar que seus direitos seriam de fato cumpridos e seus agressores punidos”, explica a delegada Alessandra do Socorro da Silva Jorge, diretora da Divisão Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), de Belém, diante dos números que indicam o crescimento da violência.

A Deam fará 24 anos em 2011. Foi uma das primeiras delegacias dessa especialidade a serem abertas no Brasil. Outras dez unidades semelhantes atendem às mulheres do interior do Estado, em Santarém, Abaetetuba, Castanhal, Paragominas, Marabá, Itaituba, Breves, Parauapebas, Tucuruí e Conceição do Araguaia. “A Deam tem um papel diferenciado, pois aqui há um atendimento especializado para as mulheres que sofreram algum tipo de violência”, explica a delegada Alessandra.

Orientações jurídicas, registro de ocorrências policiais, requerimento de medidas preventivas, instauração de inquéritos policiais, busca de pertences e atendimento com assistentes sociais são alguns dos serviços da divisão.


“É preciso conscientização”

Mas não é o suficiente, acredita a delegada, o que está evidenciado nas estatísticas. “É preciso haver uma conscientização de toda a sociedade. Não basta combater a violência contra a mulher apenas no âmbito policial. O enfrentamento deve ser feito através de políticas transversais, que atinjam não só a parte criminal porque a violência contra a mulher é um fenômeno epidemiológico, que tem múltiplas causas, fatores e consequências. Dessa forma, a prevenção também deve ser feita de múltiplas formas, mas para isso é preciso haver políticas públicas”, opina Alessandra Silva Jorge.

No próximo dia 11, uma rotina especial tomará conta da Deam de Belém, localizada na travessa Vileta, 2914. Para celebrar o Dia da Mulher, que transcorre hoje, com uma profusão de serviços, haverá orientação jurídica, atendimento odontológico, palestra sobre violência, distribuição de brindes, emissão de carteiras de identidade, medição de pressão arterial, verificação de níveis de colesterol, entre outros serviços. O mutirão está marcado para o horário das 9h às 14h.

ENDEREÇO

A Delegacia da Mulher fica na travessa Vileta, 2914

Fonte: Diário do Pará

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